sábado, 14 de novembro de 2015

Um pouco sobre mim!


Tenho 21 anos, sou escorpiana e universitária da área da tecnologia. Sempre fui uma pessoa muito comunicativa e engraçada, sempre me diverti e viajei bastante pelas mais belas praias e cachoeiras. Hoje eu tenho uma vida estável: trabalho, faço faculdade, tenho minha própria casinha que passo os finais de semana com meu Boy magia, (os outros dias fico na casa do meu pai). Sou noiva, mas não penso em casar nem tão cedo, estamos juntos há 4 anos e alguns meses.
Aos meus 16 anos eu engordei de uma forma que nunca havia acontecido, de 48kg eu fui para 56kg, e os  apelidos começaram a surgir, já que sempre fui bochechuda, sempre levei na esportiva, não sofria bullyng, era zoação dos meus próprios amigos.
Mas meu corpo começou a me incomodar de uma forma absurda. Não tenho culotes, minha barriga é só pra frente então parecia que estava grávida! Eu precisava emagrecer de qualquer forma, e então comecei a ficar obcecada: comprei uma balança, pesquisava e fazia leitura o dia inteiro sobre dietas e alimentos, olhava a tabela nutricional de tudo, passava horas no mercado comparando qual marca iria comprar, troquei meu guarda roupa pra roupas mais largas pra disfarçar as dobras que me incomodavam. Minha primeira dieta foi a da USP. A dieta deu muito certo e nos primeiros 3 dias eu já estava com - 3 kg, mas não consegui prosseguir com a dieta por muito tempo pois  nessa época minha mãe ainda era casada com meu pai e a noite fazia eu jantar, sempre comia pouco mas tinha que comer. Minha segunda dieta foi a dieta da proteína, dieta a qual se restringi radicalmente o carboidrato. Ficava fraca, tinha tonturas, nunca fui fã de carne vermelha, então só comia frango grelhado, camarão e queijos, mas quem ligava pra tonturas? Eu queria era resultados! Essa dieta foi mais fácil enganar minha mãe pois eu comia a proteína e ela já ficava satisfeita. Nessa altura já estava com 50kg e muita insatisfação! Era dezembro e chegou o Natal, e como sempre o Natal era bem recheado, muita comida e muito doce. A tentação era grande e não consegui resistir, comi tudo da mesa. Não sei como não comi a mesa.  Resultado: 52kg.
Janeiro chegou, e com ele veio a separação dos meus pais. Traumática, muitas brigas, muitas discussões. Minha mãe foi embora, foi morar um pouco longe, e eu fiquei com meu pai, pois tinha que estudar. 
Morava praticamente sozinha, pois meu pai trabalhava e viajava bastante. Um dia pesquisando pela internet conheci as famosas ANA E MIA, que eram tão discriminadas pela mídia, mas amada pelas meninas magras. Com isso conheci o ECA, os laxantes, diuréticos, LF's e NF's e etc!
Comecei a contar calorias, um dia comia 800kcal, outro 700kcal, mas sempre pisava na bola e miava. A Mia e os laxantes tornaram-se meus amigos mais próximos. Ninguém nunca soubera da existência de T.A's na minha vida, mas ficava muito notável a minha obsessão pelo saudável. Arrumei um trabalho: atendente em uma pequena loja de familia. Loja de que? SALGADOS! O salário era legal e o horário também por isso aceitei, mas era um sacrifício, arrumar toda aquela estufa com aquelas salgados maravilhosos. Eu ainda seguia a restrição das calorias e mesmo miando ou  pisando na bola algumas vezes, eu já estava comendo 400kcal, 500kcal. A essa altura já  pesava 48kg, já estava aparentemente magra, havia rumores no bairro que eu estava doente, nunca fui de ligar pra fofoca, sempre tacava o foda-se, somente para minha mãe que eu negava. Meu pai não perguntava. Na verdade eu acho que ele nem olhava pra mim direito pra notar.
Comecei a ficar cada vez mais resistente as besteiras, comendo cerca de 300kcal, 200kcal por dia, fazia NF de 40h. Corria a noite e tomava laxantes, já me sentia mal por comer 100kcal. Comecei a ler garotas de vidro livro, maravilhoso (farei um post sobre ele). Com 44kg estava extremamente magra, só tinha cabeça e cabelo. Se eu notava? Obvio que não, enxergo hoje as fotos. Desmaiei na aula de educação física, estava há 40h sem comer, pretendia comer algo em casa, pois já estava fraca demais, mas não deu tempo. Acordei em uma UPA, no soro. Meu pai não havia chegado, havia 2 funcionários da escola lá, surtei quando vi que estava no soro (SORO IA ME ENGORDAR). Tirei a agulha, e levantei, dizendo que estava bem e que iria pra casa, obviamente não deixaram e eu comecei a correr e a jogar tudo o que via pela minha frente no chão, eles me pegaram, me doparam e me colocaram no soro novamente. Quando acordei meu pai já estava comigo e disse que eu tinha tido um surto na UPA devido ao delírio da febre.  Depois de um dia no soro fui pra casa e a secretaria ordenou que eu fizesse acompanhamento psicológico. Os médicos já tinham conversado com meu pai e informado que eu estava desnutrida e desidratada e pela excessiva magreza acreditaram que eu estava no inicio de uma anorexia. 
Claro que isso tudo só serviu pro meu pai brigar mais ainda com a minha mãe, ele a culpava por tudo.
Depois disso meu pai resolveu que eu não precisava mais trabalhar e me colocou em um curso de enfermagem e um pré-vestibular. Quase não parava mais em casa, tinha escola de manhã, psicologo a tarde e pré-vest a noite. Além do psicologo eu também tinha uma pediatra e uma  nutricionista que me enchia de cardápios bestas. Ela dizia que eu precisava chegar aos 48kg pelo menos, e o psicologo ficava me dando esporro como se eu fosse a filha dele ¬¬'. Ali eu vi minha oportunidade de tirar proveito da situação. Disse a pediatra que eu tinha bulimia e miava tudo (não era verdade, era as vezes), fiz ela acreditar que não era anoréxica, e então ela me apresentou a fluoxetina, poderoso calmante que inibia o apetite (fiz um trabalho no curso de enfermagem sobre T.A e descobri isso)
Depois de chegar aos 48kgs e ter várias caixas de calmante guardada eu abandonei o tratamento. A direção da escola já não pegava mais no meu pé, muito menos meu pai. 
Aos 43kg, tive uma discussão horrível com meu pai eu tomei mais de 10 calmantes, fiquei internada por 4 dias, foi quando os médicos descobriram uma gastrite crônica, esofagite grau D e hérnia de hiato. Mais uma vez, fui descoberta. Dessa vez as minhas amigas haviam deixado sequelas e eu tomava cerca de 8 remédios por dia. Então eu conheci o meu atual namorado e em um dia de muito choro eu contei a ele tudo o que eu passava e ele disse q íamos sair juntos dessa. Com muito sacrifício eu comecei evitar a Ana e a Mia. "Não existe cura mágica, nem como fazer tudo desaparecer para sempre. Existem apenas pequenos passos adiante; um dia mais fácil, uma risada inesperada, um espelho que não importava mais" (citação do livro garotos de vidro).
 A Ana e a Mia não vão embora jamais, elas adormecem, mas é impossível fugir delas quando se pensa em fazer uma dieta ou quando se olha no espelho.



































5 comentários:

  1. Oi flor se puder me seguir

    http://bellacomanaemia.blogspot.com.br/

    Estarei lhe acompanhando só não achei a tecla seguidores no seu blogger para eu lhe seguir

    Beijos

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  2. O mal da Ana e mia é esse. Infelizmente não é tão fácil sair delas. Eu falo por experiência própria, já tentei parar, mas sempre volto. Tenho medo que nunca mais volte a me alimentar normalmente. Ou como tudo ou como nada, não consigo ficar num meio termo.

    Espero que consiga sair dessa.

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  3. Sei como é essa vida! Mas tenha força, força com a sua faculdade e estudos, força com seus objetivos!
    Não é impossível sair da ana e mia, eu diria que é difícil e que aos poucos com paciecia tudo se consegue.

    Vou te acompanhar! beeeijos

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  4. Grande Historia... você passou por muita coisa, uma guerreira ! Foi forte e resistiu.
    Te seguindo querida.
    Bjus.

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